sexta-feira, 19 de agosto de 2011


As pessoas te dizem, você é única. Eu não. Eu não sou única, tem muitas aqui dentro. Eu sou muitas. Eu sou todas, não sou nenhuma, sou uma mistura.

Existe o lado escuro e tem o claro. A vida e a morte. A amiga e namorada. A inimiga e a vagabunda. Existe a drogada. Existe a bêbada. A correta. A que pensa, e a que não o faz. A mentirosa e a verdadeira.

Existe o vazio que sempre está aqui. Onde tento encaixar todas essas outras peças.  Mas elas não se encaixam, sobra, falta, aperta, quebra, dói. Monto e desmonto. Nada. Então, pego a sua forma e encaixo as minhas peças, coloco todas, coloco uma ou duas, deixo algumas de fora até o seu espaço ser preenchido.

Quando a sua forma esta preenchida, você não nota que a minha esta vazia.

terça-feira, 31 de maio de 2011



A menina se calava. As pessoas iam lhe ferindo, moldando seus ombros, que agora pareciam tão pesados que faziam todo seu corpo curvar-se.

Uma reverência. 

Imutável em si mesma permanecia. Deixava seu corpo falar por ela. Quem sabe um dia, alguém a ouça pedir ajudar.

terça-feira, 22 de março de 2011



   Você pode tentar fugir disso tudo, mas você não consegue, quando você está aqui querida os sentimentos voltam. Novamente nessa bolha, o telefone não toca, você não quer que o telefone toque. O telefone toca, você não atende, você não quer falar com ninguém dessa cidade estúpida.
   Estúpidos, representando tão bem o que você é agora. Você fica trancada, você quer ir pra sua casa. Não me reconheço mais aqui nesse quarto, nada nele pertence mais a você, nem a mim, a única coisa que nos conecta é esse ar triste. Se você passar rápido ele tem uma cor vibrante. Se você passar rápido você nem nota, mas você para. Eu paro. Olho. Ele é vazio.
   Essa é a sua casa. Aceite querida, essa é a sua casa e você só odeia tudo isso, porque te faz lembrar quem você realmente é.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



Como assim menina, você não sabe o que está sentindo, você não consegue nem se definir para as pessoas. Deixa eu te falar uma coisa, a sociedade não vai te perdoar, eles querem os nomes, eles querem os rótulos, eles querem saber quem é você. Quem é você? Me diz, você não pode querer o que não existe, olha, olha em volta, a gente tem tudo, você tem que saber o que quer, exatamente o que quer, não pode ser nada, você não pode ficar na duvida.


Nós queremos saber, queremos saber o que você quer, queremos saber o que você é, olha no dicionário, tem milhões, trilhões de palavras para que você possa se definir, e nós não vamos aceitar que você não saiba. Vamos te derrubar desse muro, vamos colocar um rótulo em você, porque se você não se define nós o fazemos, se você não sabe o que sente nós vamos te falar. É assim que funciona no século XXI menina, é assim que é.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

 Enquanto fico olhando pra tela do computador, naquele momento que você já viu todas as noticias, todos os sites, e ninguém mais fala com você, porque até o tempo já foi discutido na conversa, é nesse momento que os pensamentos começam a entrar na cabeça , sem que você tenha nenhum controle sobre. É nesse momento que podemos decidir, se queremos ser tristes ou felizes. 

Você pode sim me dizer que nada ta bem que a vida não esta boa, e eu posso lhe dizer que sempre vai ter a janela, pra você abrir e deixar a vida entrar, a porta pra você sair e deixar que a vida faça parte, com você como protagonista. Ou eu posso lhe dizer que a vida não é boa, que eu queria apodrecer no quarto e me perder nos meus pensamentos e pensar como eu estou inevitavelmente sozinha. Mas, hoje não, hoje você não precisa me dizer que a vida é bonita eu acordei e abri minha janela deixei a luz entrar, abri a porta e meus amigos vieram me lembrar que eu não estou sozinha. Eu não estou sozinha hoje e se eu quiser e me permitir eu posso começar a ter novos sonhos e quem sabe encontrar mais um motivo pra me fazer pensar positivo quando ficar sozinha. Hoje eu vou deixar a música e a vida tomar conta de mim, e você o que vai fazer hoje?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ele fica me olhando por horas, sem dizer uma palavra. De uns tempos pra cá eu comecei a reparar quando ele aparece, vem me fazer companhia quando meu coração está sozinho. Eu sinto a presença e meu coração se acalma. Fico deitada por horas na cama, sem saber ao certo quanto tempo permaneço naquela posição, com a janela do quarto aberta, olhando para ele e ouvindo o barulho da vida lá fora, fico imaginando essas pessoas, o que elas estariam fazendo pelo barulho que escuto, passo horas, dias, a hora não tem mais tanta importância quando me perco nestes meus pensamentos que são só meus. Quando levanto , percebo que o cinzeiro está lotado, mas ainda continuo vazia. Não pense que não fico feliz com a sua companhia menino, gosto que você fique comigo só me olhando, mas quando você está aqui significa que não tem mais ninguém. E isso dói.

Ana Bintacos