segunda-feira, 23 de julho de 2012




   Sentada na janela observava o movimento lá fora. É sempre o mesmo sentimento, no fim das contas, sou uma pessoa sozinha. Tenho a sensação de estar perdida no tempo, na vida. Eu não quero essa vida medíocre. 

   Cada gole de vodka é uma dose de realidade. A vida não é feita p’ra se estar junto. Aprende a conviver com os seus monstros, menina.

quinta-feira, 10 de maio de 2012



  Era uma das minhas saias mais bonita. Eu me lembro do balanço dela contra o vento. A saia rodava e balançava. De tanto usar, um dia ela fez um buraquinho, mas era tão pequeno, ninguém ia notar. Quanto mais eu usava minha saia rodada mais gasta ela ficava, mas eu pensava comigo: "Deixa que o amanhã resolve esses buracos.".

  Emenda, remenda, borda pra ninguém notar. E ela foi se enchendo de bordados, até que um dia não a reconhecia mais. A minha saia mais bonita não era mais a mesma. Ela estava diferente e eu...Eu agora só usava calças.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012


 Andando em círculos. Você me acompanha nessa volta. Às vezes demoramos mais no trajeto, mas tem vezes que não demoramos quase nada.


 Já conheço de cor esse caminho a rua vai ficando cada vez mais estreita e não sobra mais espaço para andarmos juntas tenho que descobrir como sair desse lugar, mas não consigo achar o final. Como pode existir um começo sem um final?


 Ando atentamente procurando uma viela desconhecida, uma esquina que me leve a outro lugar. Vou procurar uma saída, antes que não possamos mais caminhar juntas. Continuo andando nesse circulo e me pergunto:

 - Ah menina, quando eu achar essa saída, quando caminharmos para esse lugar novo, será que nessas ruas, ainda desconhecidas, terá espaço para nós duas?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


As pessoas te dizem, você é única. Eu não. Eu não sou única, tem muitas aqui dentro. Eu sou muitas. Eu sou todas, não sou nenhuma, sou uma mistura.

Existe o lado escuro e tem o claro. A vida e a morte. A amiga e namorada. A inimiga e a vagabunda. Existe a drogada. Existe a bêbada. A correta. A que pensa, e a que não o faz. A mentirosa e a verdadeira.

Existe o vazio que sempre está aqui. Onde tento encaixar todas essas outras peças.  Mas elas não se encaixam, sobra, falta, aperta, quebra, dói. Monto e desmonto. Nada. Então, pego a sua forma e encaixo as minhas peças, coloco todas, coloco uma ou duas, deixo algumas de fora até o seu espaço ser preenchido.

Quando a sua forma esta preenchida, você não nota que a minha esta vazia.

terça-feira, 31 de maio de 2011



A menina se calava. As pessoas iam lhe ferindo, moldando seus ombros, que agora pareciam tão pesados que faziam todo seu corpo curvar-se.

Uma reverência. 

Imutável em si mesma permanecia. Deixava seu corpo falar por ela. Quem sabe um dia, alguém a ouça pedir ajudar.

terça-feira, 22 de março de 2011



   Você pode tentar fugir disso tudo, mas você não consegue, quando você está aqui querida os sentimentos voltam. Novamente nessa bolha, o telefone não toca, você não quer que o telefone toque. O telefone toca, você não atende, você não quer falar com ninguém dessa cidade estúpida.
   Estúpidos, representando tão bem o que você é agora. Você fica trancada, você quer ir pra sua casa. Não me reconheço mais aqui nesse quarto, nada nele pertence mais a você, nem a mim, a única coisa que nos conecta é esse ar triste. Se você passar rápido ele tem uma cor vibrante. Se você passar rápido você nem nota, mas você para. Eu paro. Olho. Ele é vazio.
   Essa é a sua casa. Aceite querida, essa é a sua casa e você só odeia tudo isso, porque te faz lembrar quem você realmente é.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



Como assim menina, você não sabe o que está sentindo, você não consegue nem se definir para as pessoas. Deixa eu te falar uma coisa, a sociedade não vai te perdoar, eles querem os nomes, eles querem os rótulos, eles querem saber quem é você. Quem é você? Me diz, você não pode querer o que não existe, olha, olha em volta, a gente tem tudo, você tem que saber o que quer, exatamente o que quer, não pode ser nada, você não pode ficar na duvida.


Nós queremos saber, queremos saber o que você quer, queremos saber o que você é, olha no dicionário, tem milhões, trilhões de palavras para que você possa se definir, e nós não vamos aceitar que você não saiba. Vamos te derrubar desse muro, vamos colocar um rótulo em você, porque se você não se define nós o fazemos, se você não sabe o que sente nós vamos te falar. É assim que funciona no século XXI menina, é assim que é.